Com desempenho positivo de Petrobras (ON +1,95%, PN +2,25%) e em menor medida do setor metálico (Vale ON +0,21%, Gerdau PN +0,80%, CSN ON +1,17%), pesos-pesados da B3, o Ibovespa conseguiu moderar perdas no meio da tarde e conservar a linha dos 118 mil pelo terceiro fechamento seguido, após ter chegado a 120,4 mil pontos no encerramento da última quarta-feira, dia 21.

Hoje, o índice oscilou entre mínima de 117.490,80 e máxima de 119.147,99 pontos, fechando em baixa de 0,62%, aos 118.242,95 pontos, com abertura a 118.977,38. No mês, ainda acumula ganho de 9,15%, a caminho de seu melhor desempenho desde dezembro de 2020 (+9,30%) ou de novembro (+15,90%) daquele mesmo ano, marcado pela forte volatilidade da pandemia de covid-19.

Uma sequência de três avanços mensais, como a que está em curso, também não é vista desde o segundo semestre do ano passado, quando o Ibovespa emendou quatro meses positivos, entre julho e outubro. Nesta abertura da semana de encerramento de trimestre e semestre, o giro ficou bem acomodado na B3, limitado a R$ 19,7 bilhões, com os investidores atentos a uma agenda que começa a ganhar peso amanhã, com a ata do Copom e o IPCA-15 referente a junho.

Na ponta do Ibovespa na sessão, além das ações de Petrobras – em dia de moderada alta para o petróleo após a agitação militar do último sábado na Rússia, e em que a estatal brasileira captou US$ 1,25 bilhão na emissão de bonds de 10 anos -, destaque também para Raízen (+1,61%) e Cielo (+1,51%). No canto oposto, Locaweb (-10,01%), CVC (-7,92%) e BRF (-6,21%). Entre os grandes bancos, o desempenho foi misto nesta segunda-feira, com variações discretas no fechamento (BB ON +0,24%, Santander Unit +0,26%, Itaú PN -0,14%, Bradesco PN -0,48%).

Em relatório da equipe de estratégia para ações datado de 25 de junho, o Itaú BBA destaca que investidores institucionais e os estrangeiros tiveram fluxo líquido positivo nas últimas sessões, enquanto os individuais venderam, em termos líquidos, o correspondente a R$ 1,3 bilhão na B3, acumulando fluxo negativo de aproximadamente R$ 3,5 bilhões até o momento em junho. No relatório, o banco destaca o desempenho das ‘small caps’, ações de menor capitalização, em alta de 13,5% nos últimos 30 dias, tornando-se assim “marginalmente positivas em 12 meses”.

“Tivemos hoje basicamente uma repetição do que se viu desde a última quinta-feira, no mercado brasileiro: os juros continuam fechando e o real se apreciando ante o dólar, com a Bolsa um pouco diferente dessa melhora de humor. O Ibovespa vem se estabilizando, mais acomodado desde então, com uma realização mais forte de lucros nas empresas menores”, diz Eduardo Cavalheiro, fundador e gestor da Rio Verde Investimentos.

Ele destaca, desde a noite da última quarta-feira, a frustração da expectativa do mercado por uma posição mais “benigna” do Copom, que não veio no comunicado sobre a decisão de política monetária de junho – o que tende a reforçar o interesse pela ata desta terça-feira, 27, de que se espera tom mais “neutro, suave”.

“Há certeza de que os juros precisam cair, e vão cair: a incerteza continua a ser o ‘timing'”, acrescenta o gestor, destacando a pausa na progressão do Ibovespa como um momento de ajuste para que se crie nova oportunidade de entrada, em condições melhores de preço para quem deseja comprar ações. “Os papéis mais sensíveis a juros, que caem agora, eram justamente os que mais subiam até o Copom, como os de varejo e de construtoras – estes em recuperação desde abril.”

Em geral, “o mercado acordou feliz hoje, com o Boletim Focus trazendo aumento da expectativa para o crescimento do País, de 2,14% para 2,18%. Se lembrarmos que, quatro semanas atrás, a gente estava com expectativa de 1,26%, isso é excelente. Somado a isso há melhora da inflação, o que torna mais factível a expectativa de corte da Selic conforme antecipa o mercado, apesar da falta de sinalização no comunicado do Copom, para a próxima reunião. Câmbio e juros têm respondido a essa expectativa positiva do mercado”, diz Paloma Lopes, economista da Valor Investimentos.