Demorou, mas aconteceu: o Ibovespa encerrou nesta sexta-feira (18) a maior sequência de quedas da sua história, com 13 pregões no vermelho, ao fechar em alta de 0,37%, aos 115.408 pontos. Na semana, contudo, o índice acumulou recuo de 2,25% e em agosto cai 5,36%.
O dia, por aqui e lá fora, foi de pouca movimentação nos mercados. O volume negociado na Bolsa brasileira foi baixo, de R$ 21,9 bilhões. Em Nova York, os índices tiveram poucas variações, com o Dow Jones subindo 0,07% e o S&P 500 e o Nasdaq caindo, respectivamente, 0,01% e 0,20%.
“Temos falta de fluxo novo de investidores. O estrangeiro era um candidato forte a por dinheiro no Brasil e fez isso com a visão do início da queda de juros, em junho e julho. Mas em agosto ele virou a mão e está resgatando, o que, na nossa visão, tem a ver com o cenário lá fora”, fala Eduardo Cavalheiro, fundador gestor da Rio Verde Investimentos.
Segundo ele, as questões da China, que vem dando sinais de que sua economia está desacelerando e de uma possível crise imobiliária, e dos Estados Unidos, onde os juros avançaram, impactaram os emergentes.
No primeiro motivo, do gigante asiático, há o temor de que a demanda por commodities caía, uma vez que país é o maior consumidor destes produtos no mundo. Países como o Brasil são grandes exportadores de commodities. No segundo, a questão é que a alta dos treasuries yields acaba tirando capital de países emergentes com investidores de olho na segurança e nos maiores rendimentos dos títulos do tesouro norte-americano.
“O temor com um prolongamento do ciclo de aperto monetário nos EUA, seja com novos aumentos dos juros ou a manutenção em patamar elevado, segue penalizando os ativos de renda variável. Porém, após as máximas de ontem, os yields dos treasuries recuaram nesta sexta-feira”, fala Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
O dia, tanto aqui quanto lá fora, caminhou de lado. As notícias recentes já fizeram preço e, agora, investidores se portam com cautela, esperando novas sinalizações.
“Hoje foi um típico dia de baixo fluxo motivado por falta de convicção em investir por conta das dúvidas tanto no cenário local como no cenário internacional”, explica Cavalheiro.
Fora o cenário internacional, o especialista aponta também que o mercado monitora Brasília. A votação do arcabouço fiscal, aponta ele, “está emperrada por questões políticas”, o que gera temor de que a regra não se estabeleça – o que possivelmente comprometeria a redução dos juros.
“O Congresso colocou como condição para continuar as votações uma reforma ministerial e o governo não está se mexendo. Espera-se que saia alguma novidade entre hoje e amanhã, porque semana que vem Lula [Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República] viaja. Se não aprovar essa reforma, vai ser mais uma semana sem a votação”, fala.
Os DIs brasileiros hoje fecharam mistos. O para 2024 ficou estável nos 12,44%, enquanto o para 2025 perdeu 2,5 pontos-base, a 10,52%. As taxas dos contratos para 2027 subiram 1,5 ponto, a 10,33%, e as dos para 2029 ficaram estáveis, a 10,84%. Os DIs para 2031 recuaram um ponto, a 11,15%.
A pausa da recente alta dos juros trouxe um fôlego para as varejistas. A Magazine Luiza (MGLU3) chegou a subir mais de 7%, mas ficou com alta de 6,38%. Lojas Renner (LREN3) avançou 1,46% e Petz (PETZ3) ganhou 3,91%.
Além disso, quem ajudou na reta final a consolidar o primeiro pregão de ganhos de agosto da Bolsa foi a Petrobras (PETR4), que oscilou ao longo do dia, mas terminou com alta de 0,25%, acompanhando a valorização do preço do barril de petróleo.
A Vale (VALE3) mais uma vez sofreu, com menos 1,11%, de olho na turbulência chinesa. Ontem à noite saiu informação de que a Evergrande, gigante chinesa de construção, acionou lei de proteção contra falência nos EUA, enquanto os analistas temem um “momento Lehman” na segunda economia do mundo.
O dólar, por fim, caiu 0,27%, a R$ 4,967 na compra e a R$ 4,968 na venda. Na semana houve alta de 1,3%.
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