Guerra na Ucrânia, eleições, pandemia, inflação, alta dos juros. O ano não foi fácil para a renda variável de modo geral, mas se mostrou ainda mais desafiador no mercado de small caps. Por outro lado, a existência de ativos muito depreciados abre boas oportunidades para 2023. É o que acredita Eduardo Cavalheiro, sócio-fundador e gestor da Rio Verde Investimentos. Em entrevista à CRC!News, o especialista na análise de small caps detalha as perspectivas para este segmento. Confira.

Qual balanço você faz de 2022 para o mercado de small caps? Quais os principais desafios enfrentados por essas empresas?

A dinâmica das small caps no mercado está ligada não apenas aos fatores que movimentam o mercado de ações como um todo, mas também à questão da liquidez. Quando se reduz o interesse por ações de modo geral, elas são mais penalizadas, pois o investidor geral opta por desfazer das small caps e mantém as outras empresas na carteira. Por outro lado, quando cresce o interesse pela renda variável, as small caps se valorizam acima da média. Ou seja, elas costumam ter um movimento mais intenso do que o restante do mercado, tanto para o bem quanto para o mal.

Com relação a 2022, foi um ano cheio de vai e vens. Até julho, as small caps perdiam para o Ibovespa, mas começaram uma reação. Só que ela foi interrompida pela eleição. No acumulado do ano, o índice está desvalorizando em 20%, enquanto o Ibovespa está em -0,62%. Ainda que muitas empresas com esse perfil tenham crescido e obtido bons resultados, em termos de valorização dos ativos não foi um ano bom para as small caps.

Quais segmentos se saíram melhor dentro do universo de small caps em 2022? A que se deve esse melhor desempenho?

O índice de small caps é mais diversificado do que o da Bovespa. Algumas empresas específicas foram melhor, em especial nos setores de infraestrutura e agronegócio, como a SLC, focada na produção de grãos, e a Mills, de infra. Já os segmentos de. Incorporação imobiliária e varejo foram muito penalizados devido aos juros altos.

Quais as perspectivas para as small caps no próximo ano?

Nas nossas avaliações é um momento bom para comprar. Quando tem uma época desfavorável, como foram os dois últimos anos, na sequência vem um período bom. Não dá para saber quando exatamente, mas o risco de comprar nos preços atuais é muito baixo. O gatilho para uma recuperação será a reversão dessa curva de juros. Isso potencializaria o retorno das small caps, que estão muito depreciadas. Porém, é preciso ter alguns cuidados na hora de selecionar os ativos. As empresas com este perfil podem sofrer um stress de liquidez, então é preciso escolher negócios sólidos, previsíveis e com balanços robustos. São elas que vão responder primeiro no mercado de ações quando vier uma onda positiva.

Qual recomendação você daria para quem pensa em começar a investir em small caps? Começar por fundos? Por ativos em específico? 

A escolha de small caps não é algo simples para um investidor leigo fazer. Nem sempre existem análises disponíveis no mercado, pois o nível de cobertura desses ativos não é tão amplo. Assim, ou a pessoa se apoia nas análises que o mercado faz ou opta por um fundo. Entrar só porque o papel caiu aumenta as chances de se fazer um negócio ruim. Além disso, o investidor precisa sempre estar preparado para essa questão da liquidez, que dificulta a saída dele ou pode obrigá-lo a aceitar spreads bastante desfavoráveis.